A produção do espaço não pode ser entendida como a atuação apenas de um fator, por mais expressivo que este seja. Deste modo, para compreendermos a produção do espaço, seja o da rede urbana ou do intraurbano é necessário saber que, o mesmo é produzido pela relação (amistosa ou não) de uma diversidade de agentes e segmentos sociais que utilizam-se de inúmeras estratégias para produzir o espaço para diferentes propósitos, dependendo da motivação e das possibilidades de cada uma.
Segundo Roberto Lobato Corrêa (2012), este agentes são: "Os proprietários dos meios de produção, os proprietários fundiários, os promotores imobiliários, o Estado e os grupos sociais excluídos".
Estes agente estão inseridos dentro de uma temporalidade e assim se utilizam das técnicas existentes naquele período de tempo para realizar sua espacialização. Deste modo, eles materializam no espaço os processos e os fenômenos sociais no local onde atuam.
Estes cinco agentes propostos por Roberto Lobato Corrêa atuam das mais diversas maneiras, de acordo com suas possibilidades e objetivos. Eles podem apresentar estratégias e práticas distintas em um mesmo agente, por exemplo o proprietário dos meios de produção que passa a investir parte do seu capital na compra de terras esperando sua valorização atuando assim como um proprietário fundiário. Ou podem também apresentar práticas semelhantes em diferentes agentes por exemplo tomamos o Estado que pode construir vias para uma dar acesso a uma novo conjunto habitacional ou a os promotores imobiliários que podem construir vias para um condomínio de luxo.
Dentre os cinco o Estado apresenta-se, muitas vezes, como o principal agente produtor do espaço. Tendo em vista que ele controla o marco jurídico (leis sobre a utilização do espaço), além de armazenar grande estoque de terras e é por ele que , muitas vezes, são construídas as condições necessárias para a produção dos demais agentes.
O Estado estabelece relações diretas e indiretas com os outros agentes de produção. Muitas vezes, tais relações são benéficas, quando geram um espaço produzido e pensado para a sociedade de um modo geral. No entanto, muitas vezes, tais relações são entrecortadas por relações clientelistas onde estão em jogo interesses individuais que se utilizam do Estado para alcançar objetivos próprios.
Nem sempre o espaço é produzido de maneira legal (dentro dos parâmetros da lei), muitas vezes, grupos sociais excluídos tomam forma de agentes produtores do espaço ao construírem sobre terras invadidas ou loteamentos populares. Tais construções destacam-se, muitas vezes, pelas precárias condições e pela atuação, em seus arredores, de agentes sociais ligados a criminalidade.
Deste modo, podemos perceber que a terra urbana é alvo de disputa de diferentes agentes (legalmente organizados ou não) que querem sobre ela produzir estruturas de acordo com seus interesses ou necessidades. Tal disputa gera sobre este espaço uma constante tensão que se materializa, muitas vezes, em conflitos (desapropriações, invasões etc). Deste modo, é necessário que a produção espaço urbano seja estuda de maneira cuidadosa e levando em consideração os diferentes agentes e suas relações.
BIBLIOGRAFIA
CORRÊA, Roberto Lobato. Sobre agentes sociais, escala e produção do espaço: um texto para discussão. A produção do espaço urbano: agentes e processos, escalas e desafios. São Paulo: Contexto, p. 41-51, 2012.
Postado por Cláudio Pereira Graduando em Geografia pela Universidade Federal do Ceará (UFC)
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